sexta-feira, 21 de agosto de 2009

AMANHÃ. AQUI. NESSE MESMO LUGAR

A PIOR ESCOLHA





TENTOU carreira como atriz de teatro. Depois disso foi para
a rua recuperar o tempo e o dinheiro perdido. Costumava
encontrá-la quase todo o fim-de-semana em uma esquina
próxima ao edifício onde morava. Acenava para ela, ela me
retribuía jogando um beijo. Mantínhamos um relacionamento
aberto. Ela sabia de cor todos os detalhes da minha vida. Por
várias vezes dividimos a mesma mesa tomando café da manhã
na padaria. Certa vez ela me convidou para ir até sua casa. Disse
que estava planejando re-decorar todo o interior e, não sei por
quê, achava que eu poderia ajudá-la nisso. Chegando lá a estória
era outra. Era casada e descobrira que o marido era infiel. Bebera
todo o vinho que era para me oferecer e tivemos que sair para
comprar outra garrafa. No caminho caiu no chão de joelhos,
chorando convulsivamente.
“Vê como me sinto?...”, ela disse entre soluços. “Aquele
patife... Amor é a pior escolha.”
Mais tarde ela me disse que foi bem ali, ajoelhada naquele chão
imundo, que ela decidiu seguir a carreira de atriz dramática.