quarta-feira, 1 de julho de 2009

AMANHÃ. AQUI. NESSE MESMO LUGAR

VAGABUNDO




BOLO na cara mas ele desvia. Ela grita “vagabundo” mas ele não
se sente ofendido. Na garagem, ela tenta amassar o carro com um
vaso mas o vaso se quebra cortando sua mão. Ela limpa o sangue
no vestido e continua a agressão, dessa vez com a vassoura. O
cabo se parte. Ele suporta a dor porque entre tantas dores não
seria aquela a pior. Ele corre para o banheiro. Ela esmurra a
porta. A criança acorda e chora mas ela continua esmurrando a
porta e berrando. Ele se senta na tampa da privada e espera. Ela
se cansa, senta no chão com as costas encostadas na porta. Ele
percebe a deixa, abre a porta e se agacha ao lado dela. Ela toma
seu pulso. Ele passa a mão pela testa dela. Ela reúne um resto de
força e lhe aplica um soco bem no queixo. Depois enche ele de
beijos arrependida. Mas aí ele já está desmaiado. A chance que
ela tanto queria...

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